Ainda na década de 1930, o geopolítico Mário Travassos analisava o desafio da integração regional a partir dos antagonismos Bacia do Prata x Bacia do Amazonas e Oceano Atlântico x Oceano Pacífico. Visando superar esses antagonismos geográficos e ampliar os fluxos comerciais entre os países sul-americanos, os presidentes da região se reuniram em 2000, em Brasília, decidindo pela criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). Essa é uma organização multilateral com foco na integração física regional, executando projetos de integração em transportes, comunicações e energia, e reúne recursos financeiros do BID, CAF, FONPLATA e BNDES. A América do Sul foi subdivida em eixos de integração visando resolver os problemas de estrangulamento das comunicações, segundo as características geográficas locais.
Além da concluída rodovia bioceânica que vai da costa peruana até o estado do Acre, diversos outros projetos desenvolvidos na IIRSA visam unir as duas costas oceânicas sul-americanas. Aqueles que envolvem maior potencial econômico são os que encurtam as distâncias geográficas entre as regiões industrializadas do Centro-Sul brasileiro e a costa do Pacífico.
Dos quatro eixos acima reproduzidos, o Eixo Chile – Mercosul é aquele em estágio mais adiantado, por contar com a infraestrutura rodoviária já existente entre os países do Mercosul mais o Chile. Atualmente, o governo brasileiro investe na duplicação dos últimos trechos simples da BR-101.
Mas o projeto mais ambicioso concebido no âmbito da IIRSA é indubitavelmente o de interligação das bacias do Prata e da Amazônia. Se exitoso, será o último antagonismo sul-americano vencido pela engenharia moderna, permitindo uma viagem de barco de Buenos Aires a Manaus por dentro do continente sul-americano.