Oriente Médio
O elevado consumo de petróleo na Europa Ocidental e Estados Unidos exige fontes de abastecimento, além dos tradicionais Golfo do México e Mar do Norte, incluindo regiões politicamente instáveis. Nos últimos tempos, o continente africano (países do Golfo da Guiné e Angola) e a Bacia do Cáspio tornaram-se importantes produtores de petróleo, mas é ainda o Oriente Médio que detém quase 65% das reservas de petróleo.
Golfo Pérsico
A nova agenda de segurança norte-americana pós 11 de Setembro de 2001 incluiu uma maior presença militar no Oriente Médio.
+ informaçõesIraque
David Harvey (2004) resgata a tese do imperialismo na forma de “acumulação por espoliação”, que exigia a remoção das resistências políticas internacionais para viabilizar a saída da crise de superacumulação de capital nos EUA através de investimentos e aquisições no exterior.
+ informaçõesAfeganistão
O Afeganistão foi invadido pela coalizão liderada pelos EUA sob o pretexto de que o regime fundamentalista dos talibãs abrigava centros de treinamento da Al Qaeda. O país não possuía reservas expressivas de petróleo, mas apresentava duas boas razões para a guerra, e ambas ligadas aos interesses petrolíferos ocidentais: o Afeganistão oferecia a justificativa perfeita para a instalação de bases militares norte-americanas nos países da Bacia do Cáspio (Uzbequistão e Quirquistão), contrabalançando a histórica influência russa naquela região; e o Afeganistão é ainda considerado rota potencial para escoar o petróleo da Bacia do Cáspio na direção do Oceano Índico, “libertando” aqueles países da dependência da infraestrutura de oleodutos e gasodutos russos.
Irã
Desde a revolução islâmica (xiita) de 1979, as relações entre o governo de Teerã e o ocidente se tornaram tensas. A insistência do Irã em desenvolver um programa nuclear militar tem resultado em embargos comerciais e ameaças de intervenção militar por parte do ocidente, mas sem que estes consigam convencer Rússia e China no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Com efeito, com a recusa ocidental em comprar o petróleo iraniano, este acaba sendo absorvido pelos chineses.
Arábia Saudita
Já a Arábia Saudita, vive uma situação curiosa: enquanto sua monarquia faz acordos de proteção militar com os Estados Unidos, autorizando inclusive o uso de territórios do Islã para bases militares norte-americanas; internamente, permite que o radicalismo islâmico influencie o sistema de ensino e as leis civis do país. Até quando essa estratégia dual da família real saudita será tolerada interna e externamente é uma das grandes incógnitas do Oriente Médio atual.
Golfo Pérsico
A nova agenda de segurança norte-americana pós 11 de Setembro de 2001 incluiu uma maior presença militar no Oriente Médio. Ainda que o motivo alegado seja o combate ao terrorismo internacional, é evidente que se trata de ampliar a estabilidade política numa região produtora estratégica, garantindo a segurança das reservas de petróleo e da infraestrutura de portos e oleodutos. A presença de navios de guerra norte-americanos na região é particularmente intensa na proteção das rotas marítimas percorridas pelos petroleiros, especialmente no Estreito de Ormuz (Golfo Pérsico) e no Canal de Suez (Mar Vermelho).
Parafraseando o célebre diplomata e geopolítico britânico Halford Mackinder, D. Harvey conclui que “quem controlar o Oriente Médio controlará a torneira global do petróleo, e quem controlar a torneira global do petróleo poderá controlar a economia global”.
Iraque
David Harvey (2004) resgata a tese do imperialismo na forma de “acumulação por espoliação”, que exigia a remoção das resistências políticas internacionais para viabilizar a saída da crise de superacumulação de capital nos EUA através de investimentos e aquisições no exterior. Na América Latina e Leste Europeu, o projeto de hegemon estadunidense pôde se efetivar com base no convencimento, garantindo a transferência das propriedades industriais e de serviços para as mãos de estrangeiros (o famigerado “Consenso de Washington”). Mas no Oriente Médio a situação seria diferente...
Em 1972, a petrolífera anglo-americana que explorava petróleo no Iraque foi desapropriada pelo regime militar nacionalista e panarabista de Saddam Hussein, com seus ativos passados ao controle da Companhia Petrolífera do Iraque. Mais tarde, Saddam permitira a entrada de empresas petrolíferas francesas e chinesas, mas não norte-americanas. Em 1990, Saddam ordena a invasão do Kuwait para incorporar suas reservas petrolíferas, mas os EUA reagem e obrigam a retirada às pressas das tropas iraquianas.
Apesar da vitória na Guerra do Golfo, Saddam Hussein e os nacionalistas árabes permaneceram no poder no Iraque. Assim, foi gestado na Casa Branca um plano de associação do regime iraquiano com os ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001, para justificar a ampla coalizão liderada pelos EUA para invadir o Iraque. Saddam acabaria capturado e morto, assim como centenas de milhares de iraquianos.