Uma das temáticas mais importantes da geografia é a cartografia. O ensino da representação da Terra se dá nas diversas áreas do conhecimento. Segundo Oliveira (2007), o mapa sempre foi utilizado pelo geógrafo como um modelo da realidade, uma representação da superfície terrestre – assim empregado pelos professores, principalmente de Geografia, como um recurso em sala de aula.
O homem sempre tentou representar o espaço que habita. Para isso, utilizou diversas formas, desde simples desenhos nas paredes de cavernas até as imagens dos satélites nos dias atuais. Diante desse fato, é fácil perceber que o ato de pensar e representar o espaço que habitamos está mais presente em nosso dia a dia do que podemos imaginar.
A ciência que representa o espaço geográfico é a cartografia. Sugerimos que você assista ao vídeo que está neste tópico. Uma das grandes habilidades desenvolvidas pelos seres humanos é a escrita; foi por meio dela que passamos a representar graficamente os objetos, os lugares e os seres vivos, tendo a possibilidade de utilizar algumas técnicas e representar a superfície terrestre em detalhes.
Além disso, vivemos um momento no qual a cartografia está em consonância com os avanços tecnológicos, englobando cada vez mais formas de representar o espaço. Essas diversas representações permeiam a sensibilidade humana e sua necessidade de entender o espaço em sua volta.
Cartografia Programa Eureka.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xFdQG0iyTA0>.
<https://www.youtube.com/watch?v=1kU_IBvF_vg>
Acesso em: 27 ago. 2014.
Na figura ao lado, que pode ser trabalhada em sala de aula, podemos perceber que o personagem está “medindo” a Terra. Por que ele está fazendo isso? Provavelmente, porque gostaria de compreender e encontrar a melhor maneira de representar o espaço em que vive. Também é possível imaginar que ele queira comparar o tamanho de cada país ou dos continentes. Outra possibilidade, ao se estudar com o globo terrestre, é poder identificar a distribuição de água em cada hemisfério, além de localizar as cidades e identificar suas distâncias – mesmo que na escala planetária. Dessa forma, desenvolvemos diferentes maneiras de ler e representar nosso planeta.
Com o avanço da ciência e da tecnologia, as formas de representação do espaço foram aprimoradas. Existe hoje uma infinidade delas, dentre as quais podemos citar os mapas, as cartas, o globo, as plantas (tão usadas atualmente), imagens de satélite, maquetes.
É importante o aluno compreender que é parte integrante desse espaço e que cada ação realizada pode interferir nas diferentes escalas geográficas (local, regional e global). Assim, o professor deve trabalhar de forma que a representação espacial seja algo normal, habitual para o aluno. É de fundamental importância destacar que, ao se trabalhar com as diferentes representações, as escalas de análise mudam. Assim, o professor deve explicar ao aluno que em cada escala será possível extrair informações com níveis de detalhes diferentes. Desde já fica a dica.
Leve para a aula de geografia a galeria de imagens com os seis exemplos de representação e peça que os alunos escrevam tudo o que conseguirem ler e identificar em cada um deles. Após isso, localize as respostas e mostre ao grupo que cada escala possui resultados e representações diferentes umas das outras.
Uma sugestão de atividade é propor que o aluno, individualmente, construa sua própria representação. Ele pode partir de um simples desenho de uma planta baixa até a construção/reprodução de uma paisagem local (ex: entorno da escola) numa caixa de areia.
Essa atividade possibilita uma percepção individual do espaço geográfico, podendo ser socializada com os colegas em sala; permite também a leitura do processo dinâmico (e contínuo) de organização e reorganização desse espaço. Além disso, é um recurso simples de se fazer.
A construção da caixa de areia necessita de poucos materiais, tais como uma caixa (de madeira ou plástico) de tamanho médio, com aproximadamente 20 cm de profundidade e com areia até a metade, além de miniaturas representativas do espaço que está sendo trabalhado (como casas, carros, árvores, prédios etc.), para auxiliar na compreensão dos elementos da paisagem. Podem-se utilizar outros materiais, como massa de modelar, papel crepom, palitos de picolé etc.
Ao dispor de todos os elementos, o aluno pode construir/montar vários cenários, como o de uma pequena ou grande cidade, o campo, uma área industrial, residencial etc. Após essa etapa, sugerimos que ele escreva sobre o que construiu, destacando as características, potencialidades e fragilidades desse cenário.
Outra forma de estudar o espaço é partindo da paisagem. Para isso, a imagem (fotografia) de paisagens é um recurso comum que está disponível em diversos ambientes de pesquisa. Atividades como essa possibilitam que o aluno perceba o espaço, ou seja, os elementos que interagem ou transformam as paisagens. No exemplo a seguir, encontramos uma sequência de imagens que mostra a transformação de uma paisagem natural em uma paisagem artificial e lhe permite projetar/planejar ações para modificar aquela paisagem de acordo com os seus interesses.
Na figura, temos desenhos. Contudo, o professor pode produzir fotografias de um espaço determinado da própria escola ou de seu entorno em diversos momentos do dia, para mostrar a dinâmica/transformação diária dos lugares. Outra possibilidade é solicitar que os alunos tragam para a aula fotografias de seus bairros. Vale salientar a importância de organizar um questionário com os alunos, a fim de utilizá-lo em entrevistas com os moradores antigos do seu bairro, com o intuito de averiguar as mudanças acontecidas nos últimos 20, 10 ou 5 anos.
Assim, é possível concluir que existem várias maneiras de trabalhar a representação espacial, ressaltando, por um lado, que a representação é necessária para a leitura e interpretação cartográfica; por outro, que a cartografia deve ser um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
O mapa é, de modo geral, a representação do espaço no plano. Diversos são os aspectos geográficos (naturais, culturais e artificiais) que podem ser abordados em um mapa. Destacamos, novamente, que a escala de representação deve ser considerada em face ao detalhamento que se queira obter, ao se trabalhar com mapas ou plantas ilustrativas, como a representada na propaganda do mapa cultural do Rio de Janeiro, a seguir, em que se destacam os pontos turísticos. A imagem pode ser uma boa fonte de trabalho. Num primeiro momento, o aluno pode ‘mergulhar’ na realidade fundamentada nos pontos turísticos do Rio de Janeiro. O professor deve explorar quais são os elementos principais que podem ser percebidos e o que esses elementos (ou símbolos) representam. Depois, é importante identificar os elementos que compõem um mapa. Por isso, foram elaboradas algumas perguntas que devem ser respondidas pelos alunos e socializadas pelo professor para toda a turma.
Existe uma legenda? O que a legenda indica? O título do mapa indica algo específico? Para que serve a escala? Para que servem os pontos cardeais ou a rosa dos ventos? Essas são questões que devem ser levantadas no estudo de qualquer mapa ou elemento cartográfico.
O professor pode usar as imagens ilustrativas utilizadas nesta aula para testar a atenção do aluno, ensinando-o a identificar as informações contidas em um mapa. De posse dessas informações, a interpretação do cartograma fica mais fácil.
A empresa Malwee criou o site “Detetive do Conhecimento Malwee”, no qual apresenta mapas que representam locais específicos, com dicas de atividades a ser desenvolvidas pelo professor. As imagens estão disponíveis para download e impressão. Uma forma de trabalhar com a figura é levar os alunos ao laboratório de informática da escola e navegar pelo site. O professor também pode levar a imagem para a sala de aula e conduzir a sua leitura e interpretação, conforme achar conveniente. Acesse em: <www.detetivemalwee.com.br>;.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também elaborou algumas dinâmicas que podem auxiliar o professor no ensino da Cartografia. Veja na galeria os arquivos “O que é Cartografia?” e “Sistema de Posicionamento Global – GPS”. Tais atividades auxiliam as crianças na compreensão da interpretação da representação espacial, podendo servir como suporte e ponto de partida para o entendimento de qualquer mapa.
“O que é Cartografia?”, arquivo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Banco Internacional de Objetos Educacionais do Ministério da Educação.
Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/5173>. Acesso em: 27 ago. 2014.
Sistema de Posicionamento Global – GPS”, arquivo desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Banco Internacional de Objetos Educacionais do Ministério da Educação (BIOE).
Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/5203>. Acesso em: 27 ago. 2014.
Um site muito rico que serve como referencial para qualquer nível de ensino é o do IBGE (<http://www.ibge.gov.br>). Nesse ambiente virtual, encontramos uma infinidade de informações e formas de trabalhar a Cartografia, além do vasto acervo de mapas que está disponível para qualquer pessoa. No espaço IBGE de 7 a 12 anos, há vídeos explicativos, animações, jogos cartográficos... uma série de recursos interessantes. Normalmente, os alunos aceitam muito bem o trabalho com esse material. Existe também a seção que trabalha com diversos mapas temáticos, mapas do mundo, do Brasil e mapas locais/estaduais.
O professor pode escolher um mapa específico e trabalhá-lo, ou ainda pode usar um mapa temático completo e compará-lo com um mapa mais lúdico/ ilustrativo. No exemplo a seguir, temos a representação de dois mapas que tratam do mesmo tema – regionalismo. Porém, possuem diferentes representações: um deles é temático; o outro, lúdico.
Podemos perceber que os mapas se complementam, uma vez que o primeiro trata da divisão do Brasil nas cinco grandes regiões delimitadas pelo IBGE, enquanto o segundo traz algumas representações de cada uma dessas regiões. Sugerimos que os mapas temáticos sejam trabalhados buscando-se relações com outras disciplinas, como História, por exemplo. Nesse sentido, destacamos que a legenda, a escala, a forma de representação, o título e a temática dos mapas devem permear todo e qualquer trabalho cartográfico.
A produção de mapas passa necessariamente pela apreensão espacial. Talvez seja essa a maior barreira que os professores encontram, no momento de trabalhar com mapas em sala de aula. Para manipulá-los, é preciso entender o espaço e saber identificar os seus elementos, assim como as relações existentes entre eles, para poder desenhá-lo/representá-lo da maneira correta. Esse é um grande desafio para professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Uma possibilidade de atividade é propor aos alunos que fabriquem seus próprios mapas. Para isso, podemos partir de um mapa já construído. Por exemplo, o mapa do Brasil, dividido por regiões, que trata do percentual populacional de cada região brasileira (ver exemplo a seguir). Esse mapa traz a temática da distribuição populacional no país. Da mesma forma, podemos trabalhar com a escala local, construindo o mapa populacional da cidade de Natal, dividido por regiões administrativas, e pedir que eles identifiquem, no mapa, a distribuição populacional da cidade.
Após a elaboração do mapa, é possível identificar qual a região mais populosa e a menos populosa, os espaços com alta, média e baixa densidade demográfica, além de tentar explicar o porquê dessas diferenças dentro de uma mesma cidade. Certamente, algumas das explicações estarão relacionadas com o investimento em infraestrutura (como a distribuição de água, saneamento básico, fornecimento de energia, oferta de transporte), maior em alguns bairros que em outros.
É interessante, num primeiro momento, que o aluno tente representar livremente um espaço tematizado pelo professor, conforme sua conveniência. Depois da avaliação das leituras feitas pelos alunos, o professor pode interferir, fazendo sugestões, inserções ou correções – até mesmo problematizando situações que considere relevante no assunto em discussão.